Necrópole Megalítica do Alto das Casinhas e o Vaso Campaniforme da Cruz do Vargo em Gontim




Em 1983 Henrique Regalo (1), avistou dois monumentos megalíticos, nas imediações do Alto das Casinhas, em lugar próximo da Cruz do Vargo na freguesia de Gontim.
Durante os trabalhos de prospecção para a actualização da Carta Arqueológica do Concelho de Fafe realizados em 2003, foi identificado apenas um dos dois “tumuli” referenciados neste sítio.

            Pela localização descrita em 1983, por Henrique Regalo, os monumentos localizavam-se junto do caminho municipal 1637, que liga os lugares de Gontim e Luílhas, este último da freguesia de Monte. Esta via de montanha, em terra batida, foi alargada sob a responsabilidade da Câmara Municipal de Fafe, no início dos anos 90 do século passado. É mais do que provável que a segunda mamoa tenha sofrido a acção destruidora das escavadoras. Esta possibilidade ganha ainda maior consistência, com o achado de um pequeno vaso campaniforme, perto do local onde foram registados os “tumuli”.

            Em Janeiro de 1991, o professor de Fafe, Arlindo Vaz Marques, recolheu um vaso quase intacto, que estava infiltrado na camada de húmus superficial.

           

            “Trata-se de um vaso, em forma de campânula, de estilo pontilhado geométrico, de cor castanha clara com manchas escuras no exterior e no interior.

            A pasta é grosseira e friável, com desengordurante de quartzo e feldspato, de médio e grande calibre.

            A decoração organiza-se sobre o colo e a pança e é constituída por bandas de uma, duas ou três linhas paralelas a pontilhado profundo, alternadas com linhas oblíquas ou quebradas. Existem ainda resquícios da substância branca que preenchia os espaços decorativos.

            A superfície externa é polida e a interna apenas alisada.

            O fundo é umbilical.

 Dimensões:

 

            Alt. – 6,7cm

            Diâm. de boca – 7,7cm

            Diâm. do bojo – 8,8cm

            Esp. do bordo – 0,3cm

            Esp. do bojo – 0,7cm

            Diâm. do fundo umbilical – 3,3cm

  O contexto em que foi encontrado o vaso em estudo, isto é, uma zona planáltica com monumentos megalíticos nas proximidades e a inexistência de outros artefactos ou estruturas em associação, invalidam a hipótese de estarmos na presença de um povoado. O facto de o recipiente se encontrar em boas condições de conservação, permite-nos supor que o achado faria parte do espólio de um monumento de âmbito sepulcral, provavelmente destruído pelo estradão. No local do achado parece existir o resto de um esteio, partido recentemente e aparentemente deslocado da sua posição original, o que pode constituir um dado mais em abono desta hipótese”. (2)

 

            Considerando que este vaso de configuração campaniforme é enquadrável no período Calcolítico (c. 3.000 a.C.), teremos aqui um parâmetro inicial para uma datação relativa dos “tumuli” do Alto das Casinhas.

            Entretanto temos a lamentar o desaparecimento de mais um monumento funerário pré-histórico e o desconhecimento do paradeiro do vaso campaniforme. 

 

 

(1)  Técnico superior da UAUM, responsável pelo levantamento arqueológico do concelho de Fafe em 1983.

(2)  Bettencourt, Ana M.S., achado de um vaso campaniforme na Serra do Maroiço – Fafe, Cadernos de Arqueologia, série II, 8-9, 1991/92, pp. 233 -236.

 

           

 

 

           

 

 

 

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